Reciclagem de coco verde é alternativa para extração
ilegal de xaxim
Preocupado em preservar o meio ambiente e livrar o xaxim
(Dicksonia sellowiana) da lista de espécies ameaçadas de
extinção, a empresa carioca Coco Verde substitui a planta por
fibras de cascas de coco verde ou seco para a produção de
vasos e outros objetos. A empresa desenvolveu um sistema que
reaproveita até 100% do coco recolhido, antes jogado no lixo.
Com esse processo, são fabricados em escala industrial vasos,
placas, palitos, cobertura e substrato para paisagismo, placas
para isolamento térmico e acústico etc.
Somente no Rio de Janeiro, diariamente são descartadas 600
toneladas de coco verde, a um custo médio de R$ 135,00 por
tonelada para ser recolhido, encaminhado e mantido em aterro
sanitário. “Sua decomposição é estimada em mais de 10 anos,
causando um impacto negativo ao meio ambiente”, afirma
Philippe Jean Henri Mayer, gerente de projetos e negócios da
Coco Verde.
A durabilidade média dos artigos de fibra de coco varia de
cinco a seis anos e ainda apresentam a vantagem de não ser
eventuais hospedeiros de insetos. Porém os produtos têm a
desvantagem de ser até três vezes mais caros que os produzidos
com xaxim e não são conhecidos pelos consumidores.
Outra desvantagem do uso da fibra é que a sua produção é
ainda insipiente. Enquanto no Brasil são produzidos 40 milhões
de toneladas por ano, a Índia, líder do ranking mundial de
proedutores, fabrica 1,02 bilhão. Mesmo assim Mayer afirma que
sua empresa já está um passo à frente da tecnologia indiana.
"Enquanto os indianos fabricam a fibra com coco seco e látex,
nós a produzimos só com a palha do coco verde. Somos os únicos
no mercado."
Xaxim na lista de espécies em extinção
O Projeto Coco Verde, além de ajudar a resolver o problema
desse resíduo urbano, tem grande importância na diminuição do
extrativismo ilegal do Xaxim. “Estes reciclados são atualmente
os únicos artefatos naturais e ecológicos com características
para substituir o uso desta samambaia no segmento de
paisagismo em geral”, explica Mayer.
O XAXIM está na lista de espécies ameaçadas de extinção do
Ibama há mais de 10 anos. Além disso, em 2001 o Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) decretou que sua extração
exploração (comercial) são expressamente proibidas (resolução
278/01).
Largamente utilizado em paisagismo, a samambaia-açu, é
encontrada na Mata Atlântica e cresce de 1 a 2 centímetros por
ano. “O mais curioso é que o XAXIM há mais de um ano após sua
proibição, continua a ser comercializado livremente em
supermercados, grandes gardens e outros locais menos visíveis,
existem até empresas que anunciam pela Internet”, destaca
Mayer.
Paula Scheidt
Fonte:
CarbonoBrasil