"Carta aberta" publicada em 16 de outubro de 2008

Um copo de água de “Coco Verde” de 250 ml gera mais de “1 Kg de lixo”.

News

De: cocoverdereciclado@yahoogrupos.com.br
[mailto:cocoverdereciclado@yahoogrupos.com.br] Em nome de Projeto Coco
Verde
Enviada em: quinta-feira, 16 de outubro de 2008 07:16
Para: cocoverdereciclado@yahoogrupos.com.br
Assunto: [cocoverdereciclado] POR QUE NÃO PROCESSAMOS O RESIDUO DO
COCO VERDE NESTE MOMENTO.
Rio de Janeiro 16 de outubro de 2008.
POR QUE NÃO PROCESSAMOS O RESIDUO DO COCO VERDE NESTE MOMENTO.
Por sermos muito consultados por instituições (prefeituras etc.)
interessadas em reciclar coco verde e também por pessoas comuns que se
mostram (conscientes) indignadas com o que vêem em suas cidades onde a
casca de coco não é aproveitada. Procuram-nos com solicitações das
mais variadas possíveis.
Resolvi escrever um pouco sobre a história e a situação da nossa
atividade até a atualidade.
Poucos têm os elementos para poderem perceber a complexidade da
atividade como um todo.
Em 1995 mantinha atividade empresarial no Nordeste e pude perceber
claramente o crescimento das lavouras de coco verde com financiamento
privado e público principalmente do Banco do Nordeste.
É mais do que óbvio que não se tinha noção de mercado futuro e tão
pouco das conseqüências. Era uma atividade de grande geração de renda
para pequenos e médios e com geração de empregos, também foram
implantados vários projetos de grande porte.
Houve épocas em que divulguei dados como, por exemplo: aumento de 400
% da área plantada.
Como nesta mesma época mantinha atividade comercial em vários “CEASAS”
tinha noção exata que o coco plantado no Nordeste, em sua maioria
seria encaminhado para os grandes centros consumidores, Rio, SP, BH e
no verão grandes quantidades para as praias do sul do país. Comburiu,
em determinado momento, proibiu a comercialização do coco verde na
orla por não ter estrutura de recolhimento deste resíduo, já que
teriam que se equipar para apenas 3 meses de uso ao ano.
Em 1997, de forma despretensiosa e isolada, iniciei a busca por
solução para este resíduo. Não vou colocar todas as fases com acertos
e erros, pois não é esta a intenção, mas basicamente nesta época
pesquisei a nível mundial as técnicas até então empregadas na
atividade onde a matéria prima seria o coco e aí a primeira
descoberta:
Coco Verde com este volume só existia no Brasil e equipamentos para
processamento só existiam para o coco maduro/seco.
Em 1999 a empresa Coco Verde-RJ foi constituída e se tornou
rapidamente a maior distribuidora de coco do Rio com alguns
diferenciais:
- Garantia 420 ml de líquido por coco;
- Só atendia a clientes cadastrados e ativos;
- Garantia a entrega, mesmo tendo que comprar de concorrentes para
atender seus clientes;
- Não alterava preços em função da temperatura ou procura e somente
quando realmente os produtores muito bem selecionados o faziam e mesmo
assim, avisava seus clientes com uma semana de antecedência;
- Embalava os cocos em 10 ou 20 unidades.
- Recolhia as cascas do coco entregue a todos seus clientes. Só não
recolhia onde não era permitido, como por exemplo, os shoppings;
- No auge, a empresa teve 12 linhas atendidas por veículo de porte
médio, com mais de 680 clientes ativos;
Houve dias de se recolher mais de 30 T. O problema estava criado e a
parceria técnica formada.
Nesta fase já se triturava o resíduo do coco para diminuir o volume e
se destinava o máximo para locais que se fizesse uso, como produtores
de coco em Santa Cruz (com o tempo se comprovou inviável) e também
muito para prestadoras de serviço da Petroflex que utilizavam em
misturas para recuperar solos contaminados. Paramos o fornecimento,
pois houve tentativa de nos cobrar para que recebessem este resíduo,
pois percebiam claramente que a empresa economizava com a operação.
Como reciclar a casca não bastava, as pesquisas foram direcionadas
para o aproveitamento da fibra de coco, resultado da reciclagem.
No ano de 2001, concluímos a pesquisa para o aproveitamento da fibra
de coco produzida com depósito de patente.
Em 2001,também tomamos conhecimento da Resolução CONAMA Nº 278, de 24
de Maio, que de forma radical tornou a extração e o comércio de Xaxim
totalmente ilegal (já sofria grande restrição desde 1992).A empresa
passou a manufaturar com sua nova tecnologia (patenteada) artefatos
diversos. No primeiro ano (2002)não representava nem 2 % do seu
faturamento, já que sua atividade principal era o comércio de coco e
equipamentos para a venda de sua água.
Esta resolução, que nos deu esperança para nos lançar no mercado com
intenção de sermos uma alternativa a todas as atividades que faziam
uso deste produto (xaxim) da flora. Aí começaram as surpresas. A mais
chocante foi perceber que éramos vistos como responsáveis pelo fim do
xaxim e não uma mão amiga que oferecia uma alternativa, pois
divulgávamos a ilegalidade do comércio de xaxim.
Éramos muito ingênuos, pois acreditávamos mesmo que seríamos vistos
com bons olhos por todos aqueles que se utilizavam do xaxim em suas
atividades profissionais ou de laser.
Instalamos toda uma linha de produção, a qual encontra-se em
operação. Para o porte da empresa era algo grandioso que poderia, caso
não tivesse sucesso por conta da demora na aceitação do produto,
simplesmente falir a empresa (tecnicamente a empresa se manteve em
estado falimentar por 3 anos).
A fábrica trabalhou um mês e teve que parar por mais de 04 meses, o
que nos levou ao desespero, pois não eram apenas ideologias ou idéias
que estavam em jogo, mas a sobrevivência do negócio e de seus
envolvidos. Para se ter uma idéia de como ficou a situação, no
processo de transição e abertura do mercado até a plena
sustentabilidade, tivemos a energia cortada 03 vezes por falta de
pagamento.
Novamente de forma bastante ingênua entendíamos que pelo fato de ter
sido proibida a extração e o comércio de Xaxim (proibido de forma
clara) o mercado iria procurar alternativas, mas o que assistimos foi
um festival de mentiras e ver quem dava a melhor desculpa para
continuar a consumir o dito cujo.
Como nos demais setores, perceber-se a vontade dos poderes
constituídos em melhorar as condições deste país, porém por falta de
fiscalização, divulgação e até envolvimento da população, as leis
demoram à serem implementadas. Hoje podemos dizer que a conscientização
aumentou e o mercado encontrou a alternativa, mas estamos em 2008 e
muito se passou desde 2002. Pouco ou bastante, o fato é que de 2002
até inicio de 2006, toda produção de artefatos de fibra de coco, teve
como matéria prima a fibra do coco verde processada pela própria
empresa e desta data até final de 2007 complementávamos com fibra do
coco seco.
Em dezembro de 2005, deixamos de comercializar equipamentos para venda
de coco, pois várias empresas (fundo de quintal) entraram no mercado
com equipamentos de qualidade inferior e preços bem abaixo do nosso
custo. Os da empresa eram fornecidos com NF, garantia e de ótima
qualidade. Em outubro de 2005 também deixamos de comercializar o
fruto coco verde, pois a exemplo dos carrinhos de água de coco,
acabamos mostrando o caminho das pedras e passou-se a ver caminhões
vendendo coco em todas as esquinas do Rio, sem despesas com
estabelecimento, funcionários, sem regularização, sem fiscalização ou
seja, sem os custos normais que tornam uma atividade regular.
Novamente perdemos competitividade e não tivemos outra opção a não ser
parar totalmente com a atividade de venda do coco verde e carrinhos de
comercialização.
Para quem não se ligou o fato de parar com a venda do coco também nos
levou a ficar sem matéria prima própria para a reciclagem (deixamos de
ter a responsabilidade da coleta do resíduo do coco que vendíamos).
Isto passou a comprometer diretamente a ultima atividade da empresa. O
manufaturado estava num estágio embrionário, com pouca aceitação e com
produção em pequena escala, apresentando dificuldades para suportar
esta transição de atividade de forma sustentável.
Já reciclávamos coco de envasaduras que comercializavam a água
congelada e resfriada. Estes permaneceram nos fornecendo matéria prima
a ser processada.
Para nossa linha de artefatos (fábrica) é indiferente a procedência da
fibra (coco seco ou verde), mas a possibilidade de ser comprada
pronta era para nós garantia de continuidade da atividade que nos
restava.
Procuramos parcerias com grandes geradores (privados e
municipal,estadual) deste resíduo, mas infelizmente todos encontraram
meios, digamos, fáceis talvez não o suficiente adequados em relação ao
meio ambiente, de encaminhar seus resíduos. Finalmente em 2007
deixamos de reciclar a casca do coco verde, mas continuamos a
desenvolver a metodologia e melhoramento para quando voltarmos (e
voltaremos) a reciclar estejamos mais bem preparados.
Alguns perguntam por que não vamos reciclando pelo menos um pouco,
mesmo que de forma esporádica. É simples. Para renovar os equipamentos
e se adequar a todas as exigências atuais e futuras sem termos a
garantia do fornecimento da casca do coco verde seria falta de
responsabilidade. Agora imagina investir numa planta de reciclagem e
depender de matéria prima da qual você não têm o menor controle, ou
seja, vai depender da boa vontade dos geradores lhe enviarem ou não o
resíduo do coco. Quem faria este investimento?
Faz-se necessário a regulamentação do comércio do coco verde assim
como responsabilizar alguma etapa do ciclo pelo seu resíduo. Após a
regulamentação, necessitará ainda um tempo de sensibilização e um
amplo trabalho de fiscalização, pois a exemplo do xaxim, as ações
demoram a acontecer. Até hoje ainda é possível ser encontrado Xaxim em
qualquer lugar. Basta procurar. Será uma nova e longa espera até que
se torne real.
A empresa Coco Verde tendo ciência da importância de se tratar e dar
destino adequado ao lixo como um todo e dos valores reais quando o
mesmo é encaminhado de forma correta, só voltará a reciclar quando
existirem contratos de fornecimento do resíduo do coco verde, com
garantias reais e remuneração, pois o gerador terá enorme economia.
Por outro lado reciclar em área urbana é mais oneroso e a fibra do
coco verde não pode ficar mais cara do que a do coco seco, pois
afetaria a sustentabilidade da atividade.
É o valor da fibra de coco seco que determina a viabilidade da fibra
do coco verde.
É possível que eu não tenha sido claro o suficiente em algum ponto e
me coloco a disposição para esclarecer da melhor possível dentro desta
lista.

Atenciosamente.
Philippe J. H. Mayer
Moderador da lista de discussão
Idealizador do Projeto
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